Priscila Wingester – Médica Veterinária

Conhece a Missão Amazônia?
Tem dúvidas sobre o atendimento veterinário por convênio?
Receio de fazer o curso sem ser em período integral?
Descubra essas e outras coisas nesta nossa conversa com a Priscila Wingester. Confira a seguir:

Como foi o seu caminho até chegar na Medicina Veterinária?

Bom, eu trabalhei minha vida inteira com análise de sinistros em uma seguradora de carros. Eu sentia que queria algo diferente para mim. Descobri que existia o curso de Medicina Veterinária em período noturno. Em 2010 prestei o vestibular e passei para o curso noturno na FMU.

Sentiu alguma diferença depois de formada por ter feito o curso de modo não integral?

Não senti nenhum tipo de preconceito ou dificuldade, não para me colocar no mercado.
De certa forma, me senti despreparada mas isso era uma questão minha e não externa.

Acha que empregadores e outros veterinários vêem isso de uma outra forma?

Acho que na maioria dos casos eles avaliam a pessoa e o seu conhecimento. Eles nem perguntam se você estudou integral ou noturno, pelo menos nunca perguntaram para mim.

Você sente que o curso noturno deixa a desejar em algum aspecto comparado ao integral?

Com certeza. Na verdade, o curso é bem completo mas quem o faz, geralmente é porque trabalha de manhã. Então acaba rendendo menos, a pessoa tem menos tempo para estudar, mas isso também é bem individual. Acho até que as pessoas (muitas delas) são mais dedicadas por ter que lidar com essa gestão do próprio tempo.

Como foi para ingressar no mercado após se formar?

Fiquei cerca de 3 meses em busca e não conseguia uma oportunidade. Foi então que recebi uma proposta de uma amiga para um plantão noturno em um hospital 24 horas. Prontamente eu aceitei, mesmo não tendo tanta experiência prática. Fiquei cerca de 11 meses nesse plantão onde tinha uma escala 12h – 36h.
Nesse mesmo tempo eu comecei atender um plano de saúde a domicílio que começou a me render bem mais. Foi então que decidi ficar somente com o plano de saúde.
Um pouco depois uma amiga me chamou para a Clínica onde ela estava trabalhando. Aceitei e sigo há mais de 2 anos lá.

Qual a maior dificuldade em achar oportunidades como recém formado? Faltam vagas? Pedem muita coisa? Ou outra coisa?

Acho que faltam vagas para recém formados.
Sempre tem vagas para veterinários, com experiência, que saibam clinicar e que façam pequenas cirurgias. O difícil para o recém formado é a experiência.

Quais cursos já realizou?

Faço um curso de especialização em felinos. Fiz um curso e trabalho com ozônio terapia.
O que me fez pensar no curso de felinos é que é uma espécie com muitas particularidades, muito diferente do cão, e porque vem crescendo muito os atendimentos desses animais.

Você atendeu a domicílio por convênio. Quais os prós do ponto de vista do veterinário?

Achei muito interessante.
Atendimento a domicílio para coisas mais simples sem alguma intervenção mais invasiva como consulta, aplicação de medicação, vacinas, prescrição de medicamentos, etc. Para o veterinário é bom, pode fazer sua agenda, controlar seu dia.

O que é a Missão Amazônia que você participou em 2017?

É um trabalho missionário, administrado por um grupo de pessoas da Igreja Metodista, que todo ano vai até a Amazônia para levar ajuda humanitária. Vão médicos, dentistas, outras pessoas ligadas ou não a área da saúde, voluntários para ajudar a população que mora a beira do rio Amazonas, ribeirinhos e tribos indígenas.

Qual era a rotina nessa experiência?

Eu fui em 2017 e sabendo que poderia ajudar alguns animais que encontrasse lá, fui munida de medicamentos para os animais. O foco da ação são as pessoas. Mas não dá para tratar saúde pública sabendo que existem várias doenças transmitidas por animais. Então, fiquei 10 dias lá.
Nós dormíamos, nos alimentávamos, tomávamos banho, tudo no barco. E pela manhã, depois de tomar café, descíamos do barco para realizar as tarefas que nos propomos.

Tem algo que gostaria de aproveitar o espaço para ressaltar?

Eu pensava que seria bem fácil ser veterinária, mas cada dia é uma luta diferente.
Não que eu não goste do que faço, muito pelo contrário, eu amo e isso me ajuda muito.
Mas tem sido importante pensar que talvez nossa profissão precise de muita ajuda psicológica.
Nós lidamos com problemas sérios de animais que hoje são membros da família.
Sentimos empatia por eles e pelas pessoas também.
Não é tudo que está ao nosso alcance e damos o nosso melhor para poder ajudar.
Damos telefone pessoal, atendemos ligações e respondemos mensagens de madrugada, finais de semana, e mesmo assim as vezes não conseguimos.
Ainda existe hoje em dia a tensão de sofrer um processo.
Existem empresas seguradoras que fazem seguro para veterinário que possa vir sofrer processo. Isso torna a profissão muito tensa. Acho que isso justifica tantos suicídios na nossa área. Acho importante divulgarmos mais isso, e trabalhar para que exista esse preparo e apoio psicológico

Quais suas redes sociais para contato?

Instagram: https://www.instagram.com/wingester/

Facebook: https://www.facebook.com/priscila.wingester

Facebook: clínica veterinária Guaipa

 

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